O QUE É TEATRO DA OPRIMIDA?

O que é Teatro da oprimida?

O Teatro do Oprimido é teatro na acepção mais arcaica da palavra: todos os seres humanos são atores, porque agem, e espectadores, porque observam. Somos todos espect-atores. (…) Creio que o teatro deve trazer felicidade, deve ajudar-nos a conhecermos melhor a nós mesmos e ao nosso tempo. O nosso desejo é o de melhor conhecer o mundo que habitamos, para que possamos transformá-lo da melhor maneira. O teatro é uma forma de conhecimento e deve ser também um meio de transformar a sociedade. Pode nos ajudar a construir o futuro, em vez de mansamente esperarmos por ele.

Augusto Boal, in Jogos para atores e não atores.


O Teatro da Oprimida é um conjunto de técnicas teatrais sistematizadas pelo teatrólogo Augusto Boal, com o objetivo de expor, analisar e propor alternativas às opressões vividas pelos grupos chamados de “minorias sociais”, como mulheres, negros, indígenas, imigrantes, pobres, homossexuais, dentre outros. Grande parte da pesquisa realizada por Boal foi feita com um grupo de atores e atrizes do Rio de Janeiro, formando o Centro de Teatro do Oprimido - CTO, que atua como multiplicador dessa metodologia, propondo e realizando diversos projetos culturais em todos os continentes do mundo.

No que diz respeito ao desafio de uma reflexão teórica em equilíbrio com a atuação política, o Teatro da Oprimida contribui porque possui jogos e técnicas que provocam os atores e atrizes a refletir sobre suas atitudes e ideias ao longo da prática improvisacional. E estende isso ao espectador, que passa a se chamar de “espect-ator” – e porque não dizer, “espect-atriz” – pois na maioria das técnicas do Teatro da Oprimida, o público torna-se protagonista das histórias, cuja presença é imprescindível para a realização da cena. Como, por exemplo, no Teatro Fórum: um grupo apresenta uma situação de opressão na qual há uma ou mais personagens que possuem um grande desejo e opressores (as) que impedem a realização dessa vontade. No fim da cena os “espect-atores /atrizes” são convidados a refletir sobre a história, pensar em uma alternativa para a situação e, em vez de expor verbalmente sua ideia, deve entrar no espaço cênico, substituindo um dos atores ou atrizes, e testar na prática sua alternativa, como explica Augusto Boal:

O importante é que o espectador entre em cena e retome seu direito de protagonizar, transformar as imagens do mundo que lhe são mostradas, para depois poder transformar o próprio mundo: o teatro é o lugar onde se ensaiam atos futuros, atos reais, atos de liberação (BOAL, 1980, p.84).

Augusto Boal também dizia que “o Teatro do Oprimido é um ensaio para revolução”, pois quem entra em cena propondo uma possibilidade, está ensaiando para transformá-la na vida real.

As técnicas de Teatro da Oprimida são assim divididas: Teatro Fórum, Teatro Invisível, Teatro Legislativo, Teatro Imagem, Teatro Jornal e Arco-íris do Desejo. 



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